A oitava noite de nosso novenário foi presidida pelo nosso pároco Frei Antoniel,MsS e concelebrada pelo nosso vigário Frei José Romão,MsS com a participação da CRB de União da Vitória e da Comunidade Arcanjo São Gabriel. Eis a sua homilia:
"Uma
característica que particularmente toca o nosso interior, dada a nossa condição
de pecadores e de necessitados do auxílio de Deus, é a misericórdia, que em
Maria ecoa com muita intensidade, como a força de uma cascata, que penetra até
os corações mais duros e nos faz permanecer de pé, como Ela esteve aos pés da
cruz. Maria é como rezamos, a mãe da misericórdia. Mas para entendermos como
toda a vida de Maria proclama a misericórdia, devemos primeiro penetrar no
coração do Pai, rico em misericórdia, pois Maria é como a lua que reflete os
raios do sol de justiça, que segundo a tradição da Sagrada Escritura é o
próprio Deus, que a cada arrependimento nosso, toma-nos pela mão!
Vemos desde o AT como o Pai sempre nos ama e apesar de nossas infidelidades, que já começam com o primeiro pecado, Ele nunca deixa de apostar por nós. Portanto, sendo fiéis, ainda mais ele acredita em nós e nos reergue. Escolhe um povo, Israel, para depositar os benefícios de sua misericórdia. Não porque era numeroso, pelo contrário, era um povo numericamente insignificante. Mas Deus não olha as aparências e sim o coração. E toda a história da salvação será um itinerário da misericórdia de Deus, onde Deus vai educando o seu povo, preparando o seu coração para a vinda definitiva daquele que é a encarnação da misericórdia: o seu filho Jesus Cristo, erguido na cruz para nos manter de pé.
Cristo realmente passou a vida fazendo o bem. O seu coração é misericordioso. Inumeráveis são as vezes em que Jesus se compadece das pessoas, perdoando o pecado e restituindo a dignidade daquele que se encontra com Ele, deixando o coração deles transbordante de paz. Basta lembrarmos das parábolas da ovelha perdida e do Bom Samaritano, ou daquela mulher pecadora que queriam apedrejá-la. Jesus sempre perdoa, independentemente da quantidade ou da gravidade do pecado.
Das diversas parábolas que Jesus contou para explicar como o coração d’Ele e do Pai são ricos em misericórdia, gostaria que recordássemos nesse momento da parábola do filho pródigo, que está em Lucas 15, no contexto das três parábolas da misericórdia. Nela, como afirma São João Paulo II em sua encíclica Dives in misericórdia (A misericórdia divina), “a essência da misericórdia divina aparece de modo particularmente límpido”.
Agora que entendemos a misericórdia de Deus vejamos como em Maria ela é vivida e proclamada. Um poeta francês dizia que “As orações a Maria são orações de reserva. (…). Em toda a liturgia, não existe outra oração, que o mais deplorável pecador não possa dizer sinceramente, do fundo do seu coração. No mecanismo da salvação, a Ave-Maria é o nosso último recurso. Contando com este recurso, estamos seguros, ninguém está perdido”. Ele declama isso porque ele acreditava que a Mãe sempre atenderá o filho, independente do que ele fez. Ela é, como dizia Santo Afonso Maria de Ligório, “a tesoureira de todas as misericórdias que Deus quer dispensar-nos”. A misericórdia que Ela proclama no Magnificat, Ela viveu em todos os momentos de sua vida: desde o seu sim, até o momento em que acompanha os discípulos de seu Filho nos inícios da Igreja. E segue fazendo até o fim dos tempos.
Sabemos
que Ela não descansará até que todos sejam salvos. Como mãe amorosa, Ela não
quer que nenhum de seus filhos se perca. O motivo de sua aparição na baía de
Paranaguá ao pai Berê, pelos anos de 1648, ao lançar as redes
para delas tirar o seu sustento, e aí encontrou no meio das vegetações
aquáticas, a bela imagem da virgem Maria também manifesta essa
misericórdia: ela se compadece dos mais sofridos, seja o pai Berê que tinha que
dar de comer à família, sejam os três pescadores do rio Paraíba em 1717 que
precisavam atender ao conde de Assumar. E segue derramando as suas graças sobre
todos os devotos que recorrem com fé e devoção a Ela.
Olhando
o coração de Maria, que proclama a misericórdia, devemos nos perguntar: como
está o meu coração? Sou misericordioso? Sou capaz de perdoar os meus irmãos
como o faz Deus, como o faz Maria? Se ainda me falta crescer nesse sentido, peçamos
à Nossa Senhora do Rocio que nos ensine como fazer, que interceda junto ao seu
Filho para ajudar-nos a sermos cada dia semelhantes a Ele. Recorramos sempre à
mãe da misericórdia conforme Bernardo de Claraval:
“Seguindo a Maria, não se é
desviado; rezando a Maria, não se teme o desespero; pensando em Maria, não se
erra; se ela te segurar pela mão, não cairás; se ela te proteger, nada temerás;
se ela te guiar, não te cansarás; e se ela te for favorável, conseguirás (…)”."