As DGAE: 2015 – 2019
Recentemente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
aprovou as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE), para o quadriênio
2015-2019, que devem nortear os Planos de Pastoral de todas as Dioceses
brasileiras para esse período.
Acerca das Diretrizes vale aprofundarmo-nos alguns pontos, ainda
que numa visão geral e breve.
1) O que são diretrizes?
Segundo o documento 102, as “Diretrizes” são um farol a iluminar o
caminhar da Igreja nos vários contextos das inúmeras dioceses brasileiras. As
Diretrizes existem na Igreja do Brasil desde 1975, quando a CNBB passou a
indicar linhas (eixos) fundamentais que norteariam os Planos de Pastoral das
diversas (arqui) dioceses brasileiras. Naquela época, elas ainda eram chamadas
de “Diretrizes Gerais da Ação Pastoral” (DGAP). Somente em 1995, a CNBB,
percebendo que a expressão “Evangelização” era mais ampla que “Pastoral”, optou
pelas “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil” (DGAE).
A partir da de Aparecida, que resgatou a essência evangelizadora e
missionária da Igreja latino-americana e passou a chamar-nos de discípulos
missionários, as DGAE 2011-2015 definiram os cinco desafios da Evangelização,
denominados também de “urgências”, quais sejam: 1. ‘Igreja em estado permanente de missão’; 2. ‘Igreja: casa da
iniciação à vida Cristã’; 3. ‘Igreja: lugar de animação Bíblica da vida e da
pastoral’; 4. ‘Igreja: comunidade de comunidades’; e 5. ‘Igreja a serviço da
vida plena para todos’.
– As Diretrizes 2015-2019
Em 2015, a CNBB decidiu não elaborar novas diretrizes para o
quadriênio 2015-2019, mas atualizar os cinco desafios/urgências adotadas em
2011, à luz de dois importantes documentos escritos pelo Papa Francisco, a
Exortação “Evangelii
Gaudium”, e a Bula “Misericordiae Vultus” e à
luz do magistério da Igreja no Brasil e das próprias experiências pastorais
realizadas nas diversas Dioceses brasileiras.
Historicamente, as DGAE sempre trazem dois elementos de
fundamental importância para a organização dos Planos de Pastoral. O primeiro deles é a existência de um Objetivo
Geral, que é como uma síntese das Diretrizes. O Objetivo Geral aprovado para
2015-2019 é: EVANGELIZAR, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito
Santo, como Igreja discípula, missionária, profética e misericordiosa,
alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção
preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino
definitivo. O segundo elemento, sempre explicitado logo no
início das DGAE, é a centralidade Cristológica da Igreja, que deve estar
presente nas diretrizes e nos respectivos Planos de Pastoral. O fundamento de
toda DGAE é a pessoa de Jesus Cristo e o Reino que Ele anunciou.
A ordem dada por Jesus a seus discípulos, continua sendo dada à
Igreja. “Ide a todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Portanto, a eclesiologia das DGAE e de todo Plano de Pastoral é se constituir
em uma Igreja ‘em saída’,
isto é, sempre pronta a levar Jesus a todos os lugares. Padre José Comblin
lembrou que: “O cristão do século XXI, antes de tudo, deve ser um místico”. O
desafio da ação pastoral exige uma conversão pessoal e comunitária para
discernir os apelos de Deus na realidade. Exige tomarmos consciência que somos
cristãos em função do e para o Reino e não para satisfazer nossas vontades.
Jesus Cristo nos vocacionou para sermos os construtores do reino, mas ele,
independentemente de nós, acontecerá, pois “se as pessoas não falarem, as
pedras falarão” (Lc 19,40).
A Conferência de Aparecida (2007) destacou que o lugar
privilegiado para o encontro com a pessoa de Jesus é a comunidade. Por meio do
contato com a Palavra de Deus, com os Sacramentos e na vivência comunitária, os
cristãos assumem o seguinte – a Jesus Cristo; por isso, a Conferência de
Aparecida os chamou de “Discípulos Missionários”.
No
que as DGAE 2015-2019 são diferentes das anteriores? Dentre
as principais mudanças nas DGAE estão a reorganização das cinco urgências na
ação Evangelizadora (indicadas no capítulo III do documento) e novas
proposições para as propostas de ações, as quais, por sua vez, correspondem a
cada uma das urgências evangelizadoras que o documento denominou de
“Perspectivas de Ação” (indicadas no capítulo IV do documento).
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